E) Leitura Temática "A escolaridade e a exclusão social"


O grupo escolheu o capítulo " A escolaridade e a exclusão social" de Thomas Popkewitz do livro "Educação e poder. Abordagens críticas e pós-estruturais".

Neste capítulo, o autor explora as qualidades de esperança (no cosmopolita inconclusivo como estudante permanente – aluno ideal) e de receio (da criança marginal – não ideal) como aspectos coexistentes da educação e das reformas educativas dos EUA que têm como objectivo conquistar uma sociedade mais justa e equitativa, através da implementação nas escolas de modelos curriculares para todos os alunos, ou seja, o objectivo é criar programas de educação igual para todos para conseguir uma sociedade mais inclusiva e verdadeiramente democrática. Contudo, para o autor, as políticas educativas de inclusão eidenciam pistas subtis de exclusão, daí o seu trabalho não passar por questionar o compromisso de procurar uma sociedade mais igualitária, mas passar por problematizar a relação entre a inclusão e a exclusão sociais.

Para o autor, “não há opção a não ser fazer escolhas sobre as inclusões ou exclusões no ensino. “ Esta ideia está bem presente nas reformas dos Estados Unidos que se baseiam em modelos curriculares padronizados. Os modelos curriculares pretendem uma sociedade equitativa e para tal, procedem à fabricação do aluno modelo. O objectivo ao apresentar programas iguais para todos é assegurar que haja um tratamento equitativo, independentemente das origens. Assim todos podem aprender, independentemente da sua origem étnica, cultural, etc, porque o programa é igual para todos e, por isso, o insucesso escolar é explicado pelo desempenho individual dos alunos.

A selecção dos conteúdos do currículo a ser transmitidos serve o interesse de uma determinada cultura, o objectivo é a homogeneização. O aluno modelo é aquele que está integrado à “Sociedade do Conhecimento”, voltado para o estudo permanente e para a resolução de problemas abstractos e flexíveis. Para homogeneizar e quando se fala em aluno-padrão, “alude-se também a um outro tipa de criança, à criança excluída, marginal. A criança marginal, ao contrário, representa as camadas das populações consideradas fora da normalidade, sendo necessário serem recuperados. Essa criança é marcada por um saber prático (que se adquire no dia-a-dia) e é um saber desvalorizado nos currículos padronizados e isto evidencia a forte hierarquização do conhecimento académico.

Em jeito de opinião pessoal, concluímos assim que a escola não é transparente e verdadeiramente democrática pois de facto não reconhece a diferença no sentido de a respeitar, mas no sentido de a tentar curar como se fosse uma doença. Segundo estas reformas e políticas, os alunos marginais precisam de ser recuperados, estão doentes e precisam de uma cura. Ao impor um currículo monocultural, padronizado, a escola exclui de várias maneiras: começa por excluir as qualidades e os saberes dessas crianças marginais pois são saberes e qualidades desvalorizadas, periféricas, para ser um aluno ideal, existem outras capacidades, qualidades, competências. Depois temos o insucesso e abandonos escolares, já que há alunos que não possuem o habitus adequado e o capital cultural para conseguir descodificar os códigos da escola. Assim, a escola que se pretende democrática é de facto segregadora, pois quem não consegue ter êxito escolar não consegue aceder ao conhecimento socialmente válido (legitimado pelo currículo monocultural), verificando-se a perpetuação das desigualdades.


Referência Bibliográfica:

POPKEWITZ, Thomas S.(2008). A escolaridade e a exclusão social. In João M.Paraskeva (org.). Educação e Poder. Abordagens críticas e pós-estruturais. Mangualde: Edições Pedago, pp. 109-133.


Fontes:


BARROSO, João. Fatores organizacionais da exclusão escolar: a inclusão exclusiva. In: RODRIGUES, David (org.). Perspectivas sobre a inclusão: da educação à sociedade. Porto: Editora Porto, 2003. (leitura por Luís Eira).

Stephen R. Stoer; "Jornal a Página da Educação", ano 7, nº65, Fevereiro 1998, p.16. (leitura por Carina Machado).


0 comentários:

O Nosso Blogue!

A dinamização deste blogue tem como objectivo dar resposta às actividades propostas pela docente Lia Raquel, em jeito de portefólio digital, no âmbito da U.C de Tecnologia e Comunicação Educacional II da Licenciatura em Educação da Universidade do Minho.

Com efeito, todas as actividades/tarefas desenvolvidas pelo grupo serão postadas aqui, esperando que sejam do agrado não só da docente, não só dos nossos colegas, mas de todos os visitantes.